A DEMOCRACIA NO MUNDO
Apesar dos problemas que enfrenta, a democracia continua sendo amplamente valorizada em todo o mundo. É o que revela o Índice de Percepção da Democracia (Democracy Perception Index-DPI 2025), a maior pesquisa mundial sobre a percepção pública da democracia, conduzida anualmente pela Fundação Aliança para as Democracias (Alliance of Democracies Foundation). Na edição deste ano foram entrevistadas mais de 110 mil pessoas em 100 países, cobrindo mais de 90% da população mundial.
EUA EM DECLÍNIO E CHINA EM ASCENSÃO
O Índice de Percepção da Democracia revela, pela primeira vez desde que o índice começou a ser medido, que mais países têm uma visão positiva da China do que dos Estados Unidos. A China é agora a única grande potência entre as três com uma imagem líquida positiva, enquanto os EUA e a Rússia são vistos mais negativamente do que positivamente. De acordo com o estudo, a avaliação líquida dos EUA, que mede o saldo entre opiniões positivas e negativas, despencou de mais 22% em 2024 para menos 5% neste ano. Apenas 45% dos países veem os EUA de forma positiva, uma queda expressiva em relação aos 76% registrados no ano anterior. Aliás, essa percepção negativa sobre os Estados Unidos está se espalhando dentro do próprio país. No último fim de semana ocorreram protestos contra o governo de Donald Trump em cerca de 1800 cidades americanas.
PRINCIPAL OBJETIVO DA DEMOCRACIA
A pesquisa revela um certo paradoxo: embora 72% das pessoas considerem “muito importante” viver sob um regime democrático, a confiança na capacidade dos governos de oferecer resultados concretos está em queda. Isso porque a maior parte da população mundial associa o principal objetivo da democracia à melhoria das condições materiais de vida, percepção essa registrada em 52% dos países pesquisados. Em proporções bem menores, surgem como finalidades centrais a proteção das liberdades individuais (16%) e o direito de escolher governantes (19%). A comparação entre sistemas políticos passa a ser pragmática: não se trata de rejeição aos valores democráticos, mas de busca por resultados concretos. A democracia continua sendo desejada, mas perde espaço quando falha em entregar bem-estar.
A FÉ NA DEMOCRACIA PERMANECE ELEVADA
Apesar dos desafios, o compromisso global com a democracia permanece notavelmente forte. Mais de dois terços das pessoas em todo o mundo afirmam que é muito importante ter democracia em seu país, reafirmando o apelo duradouro da governança democrática, mesmo em meio a tendências globais complexas. No entanto, a pesquisa mostrou uma grande preocupação em todo o mundo com o estado geral da democracia. O país em que os cidadãos avaliam o estado da democracia com a melhor classificação é a Noruega, seguida pela Nova Zelândia e Dinamarca. Os países onde a democracia é mais mal avaliada são Bolívia, Moçambique e Zimbábue.
PERCEPÇÃO DA DEMOCRACIA NO CONTINENTE AMERICANO
Nas Américas, as avaliações públicas sobre o desempenho dos governos em relação aos princípios democráticos são variadas — e geralmente modestas. Canadá e Uruguai recebem as avaliações médias mais altas de seus cidadãos, seguidos por Costa Rica, Chile e Jamaica, com pontuações em torno ou pouco acima de 3 em 5. Em contraste, cidadãos da Bolívia, Venezuela e Guatemala atribuem aos seus governos algumas das avaliações mais baixas da região, com média abaixo de 2,6. O Brasil também recebe uma avaliação média.