A tuberculose tem causado preocupação em Passo Fundo. Há dois anos, o tratamento tem sido cada vez mais realizado e evidencia como a doença vem atingindo mais pessoas na cidade. No SAE (Serviço de Atendimento Especializado), 80 pessoas realizaram o tratamento em 2016 e no ano seguinte o número cresceu 50%. Em pouco mais de cinco meses, 80 pessoas já passaram ou estão passando pelo atendimento médico em 2018.
“Nos preocupa, sim”, afirma a enfermeira do SAE, Seila de Abreu. Por isso, os médicos das Unidades Básicas de Saúde da cidade estão avisados para encaminharem qualquer paciente com tosse para o atendimento. Febra vespertina, perda de peso, suores noturnos, presença de sangue no escarro, além de mal estar e fraqueza são outros sintomas da doença.
Pelo fato da doença ser transmitida por via respiratória, acaba se propagando facilmente, principalmente em ambientes fechados. A enfermeira alerta que os cuidados para se prevenir a tuberculose são parecidos com os da gripe H1N1: evitar ambientes fechados, pegar bastante sol e deixar a casa aberta para ventilação. Também tem aumentado os casos dentro do presídio, o que causa grande preocupação devido a quantidade de pessoas que estão em contato com o portador doença. Pessoas com HIV também possuem cerca de 10% de chance de contrair tuberculose.
No entanto, a enfermeira Seila também comenta sobre a possibilidade do número de pessoas que realizam o tratamento ter aumentado justamente pela população e o atendimento médico estarem mais atentos. “O que pode estar acontecendo é que estamos fazendo mais diagnósticos. Estamos tendo mais acesso, pensando mais em tuberculose”, completa o pneumologista, Vinicius Dal Maso.
Tratamento
O tratamento, com duração de seis meses, é feito com uso de quatro medicamentos diferentes: rifamicina, isoniazida, etambutol e pirazinamida. Um pouco de cada um dos remédios é colocado em um único comprimido e usado durante os dois primeiros meses. Nos últimos 120 dias, segue com apenas dois medicamentos.
Pelo longo período de tratamento, muitas pessoas acabam não terminando. A principal preocupação em Passo Fundo é com os moradores de rua, usuários de drogas e pessoas privadas de liberdade. Mesmo com o acompanhamento e visitas feitas por enfermeiros e pneumologistas dos SAE, os grupos tem maiores dificuldades. A taxa de abandono do tratamento foi de 20% durante o ano passado, em Passo Fundo. “O Rio Grande do Sul tem taxa de abandono de 13%. Infelizmente tem muita gente que morre por tuberculose pelo mundo. Mais de um milhão de pessoas morrem anualmente”, acrescenta o pneumologista.
Prevenção
A melhor forma de evitar a tuberculose é com a vacina BCG, geralmente feita no primeiro mês de vida. Pessoas que trabalham na área de saúde, tomam remédio que baixa a imunidade, possuem doenças pulmonares e câncer fazem parte parte do grupo de risco. “Às vezes a gente faz a prevenção tomando um dos remédios. Por exemplo, vai usar um remédio que baixa a defesa e teve contanto com a tuberculose, podemos tentar a prevenção”, finaliza o pneumologista.