Passo Fundo tem 68% de suas vias arborizadas, aponta IBGE

Índice divulgado está acima da média nacional (66%)

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Árvores desempenham papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas / Foto: Michel SanderiÁrvores desempenham papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas / Foto: Michel Sanderi
Árvores desempenham papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas / Foto: Michel Sanderi
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou mais dados do Censo Demográfico 2022: Características urbanísticas do entorno dos domicílios. O levantamento aponta que 68,2% dos moradores de Passo Fundo vivem em vias com alguma arborização, considerando exclusivamente áreas públicas. O município ocupa a 19ª posição entre os 20 mais populosos do Rio Grande do Sul.

Em âmbito estadual, o Rio Grande do Sul tem 76,6% da população em áreas urbanizadas vivendo em vias com presença de pelo menos uma árvore. Isso representa 7,2 milhões de pessoas. No entanto, quando se observa a densidade de arborização, a realidade se mostra mais desigual: 45% dos moradores vivem em áreas com até duas árvores em um raio de 50 metros; 14,2% em locais com três ou quatro árvores; e apenas 17,4% em vias com cinco ou mais.


Desafios locais e busca por melhorias

Em Passo Fundo, apesar de o índice divulgado estar acima da média nacional (66%), os dados revelam a necessidade de ampliar e equilibrar a presença de vegetação no espaço urbano. O secretário de Meio Ambiente, Diorges de Oliveira, destaca que o município está buscando parâmetros mais altos de áreas verdes. “A OMS recomenda entre 12 m² e 36 m² de área verde por habitante, e estudos anteriores mostram que, em Passo Fundo, temos apenas 0,97 m² por habitante em áreas verdes públicas”, explica.


Planejamento da arborização

Além disso, levantamento anterior apontou um Percentual de Cobertura Vegetal (PCV) de 31,14% no perímetro urbano de Passo Fundo — dentro do mínimo técnico, mas ainda com distribuição desigual entre as regiões da cidade. “O baixo índice de área verde por habitante mostra que as árvores estão mal distribuídas. Por isso, estamos investindo fortemente em planejamento e execução de ações que priorizem a arborização urbana”, afirma o secretário.

Oliveira aponta que entre as ações que vêm sendo executadas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) estão a revitalização do viveiro municipal, contratação do Plano da Mata Atlântica, contratação do Plano Diretor de Arborização Urbana, execução de um macroprojeto de arborização e ainda a elaboração de um plano específico para arborização das chamadas “zonas quentes”, onde há maior necessidade de sombreamento e controle térmico.

A arborização urbana tem impactos diretos na saúde, no bem-estar e até na segurança das cidades. A expectativa é que, com a execução dos novos planos e projetos, Passo Fundo alcance nos próximos anos um padrão mais equilibrado de cobertura vegetal, com benefícios duradouros para a população. “Estamos tratando a arborização como política estruturante. Ela precisa estar no centro da transformação urbana. Com os planos que estamos executando, queremos mudar esse cenário nos próximos anos”, afirma.


Especialista reforça importância das árvores na cidade

Para o doutor em Botânica, Cristiano Buzatto, a arborização urbana deve ser tratada como prioridade nas políticas públicas ambientais. “A arborização urbana é um elemento importante para garantir qualidade de vida à população. Cada árvore plantada em nossas cidades representa um investimento direto no bem-estar social, na saúde pública e na sustentabilidade ambiental. Em um contexto de aquecimento global, cuja existência é inegável frente aos eventos extremos que temos presenciado em nossa cidade, no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo, a presença de áreas verdes urbanas torna-se ainda mais importante”, defende.


Benefícios ecológicos e sociais

Buzatto ressalta que as árvores desempenham papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas, atuando como sequestradoras de carbono, reguladoras térmicas e agentes de equilíbrio ecológico. “Elas contribuem para o conforto térmico, reduzem alagamentos, favorecem a recarga dos aquíferos e oferecem abrigo e alimento para a fauna urbana. Além disso, fortalecem o vínculo da população com a natureza e promovem educação ambiental.”


Planejamento e escolha das espécies são fundamentais

O especialista também chama atenção para a importância de planejamento adequado e escolha criteriosa das espécies a serem plantadas. “Projetos de arborização devem prever áreas compatíveis com o porte das espécies escolhidas, priorizando árvores nativas adaptadas ao bioma local — como o Pampa, em que Passo Fundo está inserido. A escolha correta das espécies e o manejo adequado garantem segurança, saúde das árvores e valorização do espaço urbano”, explica.


Dados públicos como base

Buzatto ainda destaca que o índice de arborização urbana divulgado pelo IBGE refere-se apenas às áreas públicas, como ruas, praças e parques, o que permite ao poder público traçar estratégias de intervenção com maior precisão. “É importante que a cidade mantenha políticas contínuas de arborização para evitar perdas e garantir a reposição de espécies retiradas, inclusive quando se trata de ações corretas, como a remoção de árvores exóticas invasoras”, frisa o doutor.

Segundo ele, o dado atual de Passo Fundo, de 68%, representa um alerta e também uma oportunidade: “A recente divulgação do índice de arborização urbana é, portanto, ao mesmo tempo um sinal positivo da consciência ambiental da cidade e um alerta para que políticas públicas contínuas e bem planejadas de arborização sejam fortalecidas. Trata-se de um indicador de que é possível aliar desenvolvimento urbano e preservação ambiental, construindo cidades mais verdes, mais humanas e mais preparadas para os desafios do futuro. Que cada plantio seja um exercício de consciência e cidadania”, finaliza Buzatto.

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