O atendimento à população LGBT

São poucos os serviços especializados para atendimentos específicos

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São diversos os aspectos que interferem em nossa saúde mental, infelizmente, a população LGBT é vulnerável para as patologias mentais, não porque a condição de ser gay ou transexual seja patológica, mas porque essas pessoas enfrentam o preconceito e a ignorância. A psiquiatra do Instituto de Psiquiatria e Psicoterapia (IPP), Dra. Bruna Chaves Lopes, também atua junto ao Centro de Referência da Mulher e População LGBT. De acordo com ela o atendimento psiquiátrico especializado a esse público é essencial porque eles compõem uma população vulnerável, com pouca procura e acesso ao sistema de saúde e com muitas demandas. “Existem poucos serviços como esse no país. Até o momento, existem apenas nove ambulatórios no Brasil para atendimento da população transgênero, por exemplo”, revela.

 

Demandas
A psiquiatra explica que este público traz diversas demandas, algumas que transpõem a área da saúde. “Eles acabam vivendo à margem da assistência da saúde e requerem, além dos atendimentos específicos, orientações em saúde como um todo, desde exames preventivos ao encaminhamento do tratamento de comorbidades”, comenta.

 

Preconceito
Outro desafio citado pela psiquiatra é a necessidade de sensibilização da comunidade e profissionais em relação à importância de manter um serviço para esta parcela da população. Além disso, a falta de informação ou o receio em buscar ajuda pode ser catastrófico para esta população devido a sua vulnerabilidade, tanto que a taxa de suicídio, principalmente na população transexual, é alta. “Acredito que a ignorância e o preconceito ainda é o maior obstáculo. Costumamos evitar, segregar aquilo que não conhecemos. Então acho que a informação é de extrema importância. Poder falar da oferta de serviços e orientar essas populações a poder buscar atendimento também é de muita valia”, frisa.

 

Atendimento às mulheres
No ambulatório, além do público LGBT, também são atendidas mulheres. De acordo com a Dra. Bruna as principais demandas são gestação de alto risco, transtornos psiquiátricos na gestação e puerpério, planejamento familiar e violência doméstica. Assim como para a população LGBT também existem demandas específicas que dizem respeito às mulheres. “A questão da gestação e puerpério são de extrema importância, pois são momentos de mudança e adaptações que requerem cuidados. Poder ofertar ajuda e orientação possibilita que essa mulher possa dar uma assistência ao bebê que, uma vez bem cuidado, pode ter menos problemas de saúde”, comenta. A violência doméstica, infelizmente, também é demanda bastante prevalente no ambulatório. “É uma questão, infelizmente, ainda pouco abordada. Estes atendimentos requerem treinamento da equipe para abordagem das vítimas, para que não sejam agredidas dentro da própria assistência”, frisa a psiquiatra.


Centro de Referência da Mulher e População LGBT
Localizado na Rua Lava Pés, o Centro é um serviço da Prefeitura de Passo Fundo e recebe alunos da Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade da Fronteira Sul (UFFS).São desenvolvidas atividades multidisciplinares com profissionais das áreas de psiquiatria, ginecologia, urologia, endocrinologia, psicologia, terapia familiar, enfermagem, técnicas de enfermagem e equipe de apoio, além de parcerias com o PROJUR Diversidade e a Fonoaudiologia da UPF.

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