Expectativa de chuvas não se confirma e lavouras da região devem contabilizar prejuízos

Na região de Passo Fundo, déficit hídrico no mês de janeiro é de 129 milímetros

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As primeiras semanas de janeiro trouxeram uma expectativa de chuva que não se concretizou para os agricultores da região de Passo Fundo. Apesar da previsão, a precipitação foi escassa e irregular, deixando os produtores preocupados com os impactos nas lavouras, especialmente da soja. Até o dia 23 de janeiro, a Estação Meteorológica da Embrapa/Trigo havia registrado apenas 44 milímetros de chuva, um volume muito abaixo da média histórica para o mês, que é de 173 milímetros.

Com essa escassez de água, o solo está seco e, consequentemente, as lavouras começam a sentir os efeitos da estiagem, que afeta diretamente o desenvolvimento das plantas, principalmente da soja. Em entrevista para a rádio UPF, Oriberto Antonio Adami, supervisor regional e responsável pela área de culturas da Emater de Passo Fundo, explicou que a situação é crítica para a cultura da soja, que já está em fase de floração e enchimento de grãos. Para essa fase, a umidade do solo é essencial para o bom crescimento das plantas e, sem chuva, a produtividade já começa a ser comprometida. "A soja entrou em uma fase muito importante para o seu desenvolvimento. Ela precisa de água, principalmente agora, que está na floração e no enchimento de grãos. As lavouras que foram plantadas em outubro e novembro já estão mais desenvolvidas, mas as que foram semeadas mais tarde, em novembro e até dezembro, enfrentam um cenário ainda mais complicado", afirmou Adami.

Milho

Embora a soja seja a cultura predominante na região, com cerca de 650 mil hectares cultivados, a área destinada ao milho, que totaliza aproximadamente 70 mil hectares, também está passando por desafios. No entanto, a cultura do milho teve um desempenho mais favorável nos últimos meses. O plantio foi realizado mais cedo, e as chuvas de novembro e dezembro garantiram um bom desenvolvimento da planta, o que deixou os produtores mais tranquilos. A colheita do milho no Rio Grande do Sul começou na quinta-feira passada e, na região de Passo Fundo, deve começar dentro dos próximos 15 dias. "O milho não teve grandes problemas com a falta de chuva, já que a precipitação nos meses de novembro e dezembro foi suficiente para garantir um bom desenvolvimento. A colheita do milho será realizada com boa produtividade, apesar de algumas perdas em lavouras plantadas mais tarde", explicou o especialista.

Prejuízos

A expectativa para a soja, no entanto, é mais preocupante. De acordo com Adami, a estimativa de produtividade, que em anos normais gira em torno de 63 a 64 sacas por hectare, deverá ser inferior devido à falta de água nas últimas semanas. No entanto, ele ressalta que, neste momento, ainda não é possível quantificar as perdas, já que o impacto total dependerá das condições climáticas nas próximas semanas. Se a chuva ocorrer nos próximos dias, ainda há chances de amenizar os prejuízos. Caso contrário, as perdas podem ser mais expressivas.

A situação não é restrita apenas a Passo Fundo. Em outras regiões do estado, como o noroeste e a depressão central, a falta de chuvas já tem afetado as lavouras, incluindo o milho. A previsão para os próximos dias é de que as condições de seca continuem, o que exige uma vigilância constante por parte dos produtores e uma adaptação a um cenário que, infelizmente, já tem deixado marcas nas lavouras. "O cenário é grave. Se não chover nas próximas semanas, as perdas podem ser significativas. Mas, se houver chuvas, ainda há tempo de recuperação para algumas lavouras", afirmou Adami. "É difícil prever o impacto total agora, mas com o fim de fevereiro teremos uma ideia mais clara sobre a perda de produtividade, especialmente da soja", concluiu.

A escassez de chuvas em janeiro também traz à tona a necessidade de repensar o planejamento agrícola da região. A diversificação das culturas, com o aumento da área de milho, poderia ajudar a minimizar os riscos, já que as demandas hídricas dessas culturas são diferentes e podem ser complementares.

Enquanto isso, os produtores de Passo Fundo seguem acompanhando de perto as previsões climáticas, na esperança de que a tão aguardada chuva chegue a tempo de aliviar os efeitos da estiagem. No entanto, a incerteza quanto à quantidade de água que ainda pode ser acumulada nos próximos dias segue sendo um grande desafio para o setor agrícola local.

Segundo o informativo conjuntural da Emater, os dados levantados até a última semana mostravam que em todo o Rio Grande do Sul a fase de plantio da soja havia chegado em 99%, a germinação em 51%, o enchimento de grãos em 15%, e nenhuma lavou do estado havia atingido a fase de maturação.


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