Apesar da frustração na safra de inverno, agropecuária cresceu 9%

Para 2018, El Nina causa incertezas e deixa produtores apreensivos. Em 2017, região produziu mais de 2,256 milhões de toneladas de grãos

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Bom resultado da safra de verão segurou o saldo positivo no agronegócio regional em 2017 Na cadeia leiteira, os desafios dos produtores são aprimoramento do sistema de gestão da propriedade e a busca da eficiência técnica e econômica da atividadeBom resultado da safra de verão segurou o saldo positivo no agronegócio regional em 2017 Na cadeia leiteira, os desafios dos produtores são aprimoramento do sistema de gestão da propriedade e a busca da eficiência técnica e econômica da atividade
Bom resultado da safra de verão segurou o saldo positivo no agronegócio regional em 2017 Na cadeia leiteira, os desafios dos produtores são aprimoramento do sistema de gestão da propriedade e a busca da eficiência técnica e econômica da atividade
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Apesar da frustração da safra de inverno causada pelas condições climáticas, o setor agropecuário fechou o ano de 2017 com saldo positivo. O crescimento em relação ao ano de 2016 foi de aproximadamente 9%, segundo dados da Emater Regional de Passo Fundo. O desempenho se deve, principalmente, às culturas de verão que alcançaram produção recorde na região. No total, foram produzidas mais de 2,256 milhões de toneladas de grãos entre as safra de verão e a de inverno.


O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro explica que o ano de 2017 teve uma divisão bem clara entre as safras de inverno e de verão. As lavouras de soja e milho demonstraram a força do agronegócio, enquanto as culturas de inverno pereceram com condições climáticas adversas. “Saímos da safra 2016/17, com altas produtividades, produção recorde na região nas duas culturas, soja e milho”, pontua. No segundo trimestre do ano, ambas as culturas movimentaram o mercado, apesar dos preços terem diminuído a partir do segundo semestre. “Houve uma queda acentuada no preço de todas as commodities agrícolas no final do ano, não só na soja e milho, mas trigo, aveia, cevada e canola, todos caíram de preço devido aos estoques mundiais muito altos. Isso causou a repercussão negativa no mercado interno. Mesmo assim tivemos um saldo positivo, porque no primeiro semestre, que é o que mais pesa na balança, as culturas de verão foram positivas para neutralizar os efeitos negativos”, pondera.


Crescimento de 9%
Em 2017, o crescimento na agropecuária ficou em torno de 9% em relação ao ano passado, mesmo com a frustração das culturas de inverno. Agora, está em andamento a safra de verão com as culturas implantadas no quarto trimestre de 2017 e que irão impactar na economia de 2018. Isso causa temor por parte dos produtores em função da ocorrência do fenômeno La Nina que causa chuvas abaixo da média. “As culturas de verão são o carro chefe das propriedades. Essa situação de incerteza coloca o produtor com bastante precaução. Os investimentos em máquinas agrícolas, silos secadores e armazéns, estão mais lentos, por causa da incerteza da safra”, observa Dóro. Historicamente, em anos com ocorrência de La Nina, há quebras de safra significativas. Além disso, neste período, outro fator causa apreensão, a menor lucratividade em função dos preços da soja e milho. “O agricultor está muito preocupado em colher para pagar os financiamentos bancários e os fornecedores de insumos, fora aqueles que têm arrendamento de terra para pagar. Então já tem um comprometimento alto e não querem correr o risco de fazer novos investimentos”, acrescenta.


Mesmo com a redução nos investimentos em equipamentos, Dóro enfatiza que houve nos últimos anos uma acentuada modernização do parque de máquinas, construção de silos e armazéns, além de sistemas de irrigação. “É palpável o crescimento do agronegócio, mas há muito comprometimento, porque tudo isso é financiado e mesmo que haja precaução e redução de investimentos, não compromete o rendimento das culturas. O produtor está muito bem alicerçado”, pondera.

 

Para 2018
A falta de chuva por cerca de 20 dias na região já causou alguns danos em lavouras de milho, já que a soja, na fase atual do desenvolvimento, consegue tolerar a menor disponibilidade de água. “2018 está em aberto e reina uma grande expectativa do que vai ocorrer. Claro que o agricultor, no que compete a ele, ele faz com o melhor capricho possível, agora o clima e o mercado angustiam”, completa. Dóro salienta que o agricultor tem que continuar fazendo os tratos culturais e buscar assistência técnica sempre que necessitar de auxílio na tomada das decisões. “Não adianta ter bons insumos disponíveis no mercado se o agricultor não souber fazer o manejo adequado. O sucesso hoje está nos detalhes e o agricultor tem que ser especialista naquilo que ele faz”, argumenta. Além disso, a preservação do solo com a adoção de técnicas específicas, além do plantio direto, é fundamental para garantir a preservação do solo com boa capacidade produtiva.
As culturas de inverno tiveram, em 2017, uma quebra média de 50% na produtividade. Isso, combinado aos preços baixos, faz os produtores amargarem prejuízo, mesmo com seguro agrícola e Proagro. “Eles terão que pagar com as culturas de verão, ou a anterior ou com a próxima”, avalia. Para Dóro, essa redução no desempenho tende a representar um desestímulo para a próxima safra de inverno. “Hoje há uma tendência natural de redução de área, especialmente o trigo”, estima baseado na baixa qualidade do produto colhido neste ano e também as baixas cotações do produto.

Produção de grãos em 2017
Soja – 2,1 milhões de toneladas
Milho – 4,5 mil toneladas
Trigo – 120 mil toneladas
Cevada – 25 mil toneladas
Aveia Branca – 42 toneladas
Canola – 6,5 mil toneladas

 

Leite
Para a cadeia leiteira o cenário de 2017 não foi nada positivo. Na avaliação do assistente técnico da Emater Regional de Passo Fundo,Vilmar Leitzke, isso se deve, principalmente a queda do preço do leite, o aumento dos custos e, consequentemente, a redução da margem de lucro na atividade. Aliado a isso, a redução do consumo também influenciou negativamente na cadeia produtiva. Embora os números oficiais de produção não tenham sido finalizados, Leitzke pontua que há o indicativo de um pequeno percentual de elevação da produção, em relação a 2016.
Para 2018, são desafios dos produtores o aprimoramento do sistema de gestão da propriedade e a busca da eficiência técnica e econômica da atividade. “As propriedades com gestão eficiente e com controles sobre os principais fatores do custo de produção conseguirão contornar a atual situação com maior facilidade, quando comparados aos demais. O grande desafio para o ano de 2018 é o produtor manter a renda na atividade. Mantido o atual cenário econômico, a situação para o produtor de leite tende a se manter em relação ao ano que se encerra”, estima. Fora do cenário econômico, o produtor deverá estar atento também a vigência dos novos indicadores para qualidade do leite que deverão vigorar para a região Sul, a partir de 1º julho de 2018, exigindo menor contagem bacteriana e células Somáticas (CPP/CCS).

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