Pesquisa analisa a incidência de sífilis materna e de sífilis congênita em Passo Fundo

Trabalho foi desenvolvido pela acadêmica do sétimo nível do curso de Psicologia da UPF, Nathalia Sanvido Zandoná

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O trabalho que conquistou o Prêmio Aluno Pesquisador na área de Ciências Biológicas e Saúde, entregue na Semana do Conhecimento 2016 da Universidade de Passo Fundo (UPF), pesquisou a “Incidência de sífilis materna e sífilis congênita em Passo Fundo”. A pesquisa foi feita pela acadêmica do sétimo nível do curso de Psicologia, Nathalia Sanvido Zandoná, 24 anos, orientada pela professora Maristela Piva e coorientada pela enfermeira e preceptora da aluna no Pet GraduaSUS, Seila Maria de Oliveira Abreu. Os dados apontam para uma situação preocupante, já que os números de casos no município superam quase seis vezes a média nacional.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível. A aluna explica que a sífilis materna ocorre quando a mãe tem a doença, não trata ou faz o tratamento de forma inadequada e transmite para o bebê. Já a sífilis congênita é uma complicação da materna, na qual o bebê adquire a doença da mãe na gestação ou no parto. “Dentre as complicações que a gestante com sífilis pode ter, estão o aborto, a má formação do bebê ou complicações futuras e, ainda, óbito fetal. Por isso, a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado”, revela Nathalia.
A pesquisa analisou o índice de notificações de sífilis em gestantes e congênita, bem como o tratamento realizado no pré?EUR?natal. O estudo e a análise dos dados foram obtidos através de pesquisas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), com foco na investigação de sífilis em gestante e sífilis congênita no município de Passo Fundo no ano de 2015.
Segundo informações do Boletim Epidemiológico de Sífilis de 2015, a média nacional de sífilis congênita no ano de 2013 foi de 4,7 casos por mil nascidos vivos. No município de Passo Fundo, a média em 2015 apresentou 25,32 casos por mil nascidos vivos, número que é muito superior à média nacional. Neste ano, foram notificados 135 casos de sífilis em gestantes, sendo que 88 recém-nascidos apresentaram sífilis congênita. Desses, 84,09% das mães realizaram pré?EUR?natal e 13,64% não realizaram. O diagnóstico da sífilis em gestante ocorreu em 70,45% dos casos durante o pré?EUR?natal e em 22,73 % na hora do parto/curetagem.
Das mães diagnosticadas, 29,55% receberam tratamento adequado; em 38,64% dos casos o tratamento foi inadequado e 23,14% dessas mulheres não realizaram tratamento. Outro aspecto fundamental é o tratamento do parceiro. Seguindo os índices citados acima, mais da metade dos parceiros não foi tratada, o que corresponde a 52,27%. Somente 35,23% receberam tratamento e 12,5% foi ignorado.
A pesquisa aponta que Passo Fundo está com um índice elevado de sífilis congênita em relação ao Rio Grande do Sul e ao Brasil. É possível observar que há um número alto de gestantes que não realizaram tratamento ou de mulheres que, quando realizaram o tratamento, o fizeram de forma inadequada. Além disso, grande parte dos parceiros não recebeu tratamento.
De acordo com a acadêmica, a sífilis tem cura, o tratamento é fácil e gratuito na rede pública de saúde, mas, segundo ela, para diminuir esses índices, é necessário que o diagnóstico seja realizado precocemente e o tratamento precisa ser seguido pelo paciente e acompanhado pelo serviço de saúde. “Hoje, os testes nas gestantes são realizados três vezes durante o pré-natal. Quando diagnosticado, o tratamento deve ser realizado de forma adequada. Isso significa: tratar com penicilina, com doses adequadas aos diferentes estágios de sífilis e também tratar o parceiro para que a gestante não seja novamente infectada. O ideal seria que o serviço acompanhasse essa gestante para ver se realmente está curada”, observa a aluna.
O trabalho concluiu que a sífilis congênita é um problema de saúde pública crescente em Passo Fundo, o que exige qualidade da assistência de saúde à gestante e investimentos em estratégias de prevenção desse agravo.

O prêmio
A pesquisa conquistou o primeiro lugar no Prêmio Aluno Pesquisador na área de Ciências Biológicas e Saúde da XXVI Mostra de Iniciação Científica (MIC), que ocorreu durante a Semana do Conhecimento 2016 da UPF. O evento também integrou a X Mostra de Extensão. Foram aproximadamente 900 trabalhos apresentados na área de pesquisa, extensão e pós-graduação, e 13 alunos foram premiados. “A indicação do trabalho ao prêmio foi uma surpresa, já que foi a primeira vez que submeti pesquisa na Semana do Conhecimento. Fiquei muito feliz com o resultado. A pesquisa foi realizada junto com uma enfermeira, que é minha preceptora no Pet – Saúde/GraduaSUS; isso me possibilitou ter uma visão integrada de uma área diferente da minha e aprofundar meu conhecimento”, destacou a acadêmica.

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