O aumento do nível de açúcar no sangue ocasionado pela falha na produção e ação da insulina no organismo e relacionada aos tipos de diabetes atinge mais de 12 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
A prevenção do diabetes tipo 2 inclui cuidados com a dieta, prática regular de atividades físicas, mantendo o peso adequado e cessação do tabagismo. Estas orientações também são válidas após o diagnóstico da doença, como medida de controle, além do uso de medicações.
O acompanhamento multiprofissional é um aliado muito importante no controle da doença. “A terapia nutricional tem impacto decisivo no bom controle do diabetes e deve fazer parte do tratamento em todas as fases da doença, independentemente da terapêutica farmacológica adotada para o tratamento. Uma alimentação saudável e equilibrada pode retardar ou até mesmo evitar o surgimento do DM2 em pessoas com fatores de risco.” enfatiza a médica endocrinologista, membro do corpo clínico do HCPF, Dra. Paula Stefenon.
Os cuidados com a alimentação são fundamentais para o controle da doença e também para evitar o desenvolvimento de complicações. “A orientação nutricional deve, em geral, ter como base uma alimentação variada e equilibrada. Seus objetivos são os de atender as necessidades nutricionais da pessoa para atingir e manter peso saudável, além de atingir os níveis de glicemia, colesterol de pressão adequados para evitar complicações micro e macrovasculares.”
A ingestão de carboidratos após o diagnóstico do diabetes requer atenção. “É recomendado que se restrinja o consumo de carboidratos simples e refinados que tem rápida absorção e que se consuma carboidratos complexos dentro de uma alimentação balanceada (em torno de 45-60% do valor de energia total ingeridos dessa forma). Em adultos não gestantes pode-se considerar fazer uma restrição maior de carboidratos, mas essa estratégia deve ser individualizada de acordo com a rotina e demais tratamentos do paciente para evitar efeitos adversos graves.” explica.
Dra. Paula explica também outros cuidados. “É recomendado restrição de bebidas contendo açúcares naturais ou adicionados, restrição de calorias, caso o paciente necessite perder peso e uma ingesta de fibras adequada (em torno de 25-30g/dia), pois estas auxiliam no controle da glicemia.”
As atividades físicas também não devem ser deixadas de lado e complementam os benefícios da boa alimentação. “Além do cuidado dietético, é imprescindível tem uma rotina de atividade física, pois esta ajuda muito no controle glicêmico. O exercício físico, além de não consumir mais glicemia no momento que está sendo feito, ajuda a manter e até aumentar a massa magra e, quanto mais músculos temos, menor a resistência à insulina e maior o consumo de glicose, até quando estamos parados.”
Quando não controlado, o diabetes está associado a alterações dentárias, redução da audição e aumento do risco de Doença de Alzheimer, além de danos cardiovasculares. “O diabetes sem controle adequado pode levar a complicações cardiovasculares como aumento de risco de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica - que são também são conhecidas como complicações macrovasculares.” pontua.
Sintomas como formigamento e falta de sensibilidade ou força também estão associados ao diabetes. “Dentro das complicações microvasculares temos a retinopatia diabética que pode levar a cegueira, a doença renal crônica do diabetes e também as neuropatias. A forma mais comum dessa última é a neuropatia periférica, que se manifesta como dores ou formigamento nas pernas. Dentro das neuropatias ainda temos as neuropatias autonômicas, que podem levar a alterações dos batimentos do coração, da pressão, do funcionamento gastrointestinal e nos homens também pode afetar o desempenho sexual.” acrescenta a médica endocrinologista.
Apesar possui ligação com a obesidade, pessoas que não são consideradas obesas também podem desenvolver a doença.
“Obesidade e sobrepeso são fatores de risco para o aumento de diabetes tipo 2. Uma circunferência abdominal aumentada (acima de 88cm para mulheres e 102cm para homens) é fator de risco para desenvolver diabetes. Em algumas situações podemos ter pacientes que até estão com peso dentro do considerado normal, mas com essas medidas acima do ideal, por terem um percentual de gordura acima do ideal. Por isso, precisamos não apenas avaliar o peso do paciente, mas ele como um todo.” explica Dra. Paula.
A médica endocrinologista explica ainda outros fatores associados à doença. “Outros fatores de risco para desenvolver diabetes são: história familiar de diabetes, sedentarismo, hábitos alimentares inadequados (estando acima do peso ou não), ter outras doenças como: hipertensão, triglicerídeos elevados, gordura no fígado, síndrome dos ovários policísticos.” complementa.
A especialista faz também um alerta à população. “Devido ao fato de o diabetes ser muitas vezes uma doença silenciosa, é importante procurar atendimento médico para fazer o rastreio dessa doença e em caso dela estar presente ,iniciar o tratamento de maneira precoce, evitando complicações. E caso tenha fatores de risco, mesmo com os exames dentro do normal, já implementar estratégias nutricionais e de exercícios físicos para evitar seu surgimento.” destaca Dra. Paula Stefenon.