Mesmo com a perda de duas posições no ranking, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que avalia a participação dos Municípios no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, caindo do 6° para o 8° lugar entre os anos 2017 e 2018, Passo Fundo ainda se mantém como uma das principais economias do Rio Grande do Sul.
Durante a pademia provocada pelo coronavírus, o agronegócio local, fortemente influenciado pela produção de soja, experimenta agora um movimento de alta puxada pelo setor neste período de suspensão de outras atividades econômicas, como o comércio e serviços, destacando o Município no cenário de exportação, sobretudo, de processamento de carne animal ao ceder terreno para a instalação de gigantes do setor alimentíco, como a JBS.
Em uma conversa com o jornal O Nacional, a economista e professora do Mestrado em Administração da IMED e doutora em Agronegócios, Giana de Vargas Mores, avalia o comportamento do setor agrícola para o desenvolvimento da economia local.
JORNAL O NACIONAL: Mesmo o agronegócio não sendo a principal fonte de emprego e renda da população de Passo Fundo, como ele se relaciona com a economia local?
Giana: A população mundial chegará a mais de nove bilhões em 2050, o que elevará o consumo de alimentos. Estimativas indicam que o Brasil se tornará um dos maiores produtores de alimentos do mundo nas próximas décadas. E é, nesse cenário, que o olhar pode se voltar para o estado do Rio Grande do Sul, por se destacar na produção e na exportação de produtos de origem vegetal e animal. Passo Fundo posiciona-se como uma das maiores economias do estado, e o setor de agronegócios configura-se como relevante fonte de geração de empregos e renda do município, destacando sua importância socioeconômica.
ON: E como o setor se comporta neste período de pandemia?
Giana: Segundo dados do Cepea/USP, o PIB do agronegócio brasileiro vem apresentando aumento nos últimos meses. A exemplo do mês de abril de 2020, em que se somou um crescimento de 0,36%, especialmente movimentado pela pecuária. Ainda de acordo com esses dados, o setor primário foi menos impactado que a agroindústria, devido aos reflexos da pandemia. Por exemplo, parte da produção de carnes é absorvida pelo mercado nacional, mas devemos destacar a importância para as exportações, principalmente para a China. Um dos principais parceiros comerciais do agronegócio brasileiro, a exemplo da produção vegetal, animal, bioenergia, entre outros. Com base no dados do Ministério da Agricultura, há um superávit na balança comercial do agronegócio brasileiro para o período recente de 2020, ou seja, as exportações superam as importações.
ON: O que podemos esperar para o agro no pós-pandemia?
Giana: Ao se considerar o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, espera-se um maior nível de inovação para que o agronegócio permaneça competitivo. Essa inovação deve basear-se na sustentabilidade ambiental de forma a contribuir com os desafios da segurança alimentar e das mudanças climáticas.