De um cômodo sem banheiro para um lar completo

Dona Izolda Salete Nunes, moradora de uma ocupação no bairro Leonardo Ilha, foi a primeira beneficiada com a construção de uma casa completa a partir do projeto Arquitetura para quem + precisa

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Na porta da casa nova, dona Izolda com dois dos 7 filhos que moram com ela. (Foto: Rosângela Borges/ON)Na porta da casa nova, dona Izolda com dois dos 7 filhos que moram com ela. (Foto: Rosângela Borges/ON)
Na porta da casa nova, dona Izolda com dois dos 7 filhos que moram com ela. (Foto: Rosângela Borges/ON)
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“Nunca vou poder agradecer, eu tô amando tudo”. A frase de dona Izolda Salete Nunes, moradora da ocupação Leonardo Ilha, demonstra o tamanho da realização a partir da concretização de um sonho: ver sua casa construída! Beneficiada com o projeto social Arquitetura para quem + precisa, fruto da iniciativa de jovens arquitetas passo-fundenses, ela foi a primeira contemplada com a construção total de uma residência – o projeto foca prioritariamente na construção de banheiros. 

Há pouco mais de um ano, a catadora dividia apenas um cômodo sem banheiro com sete filhos. Colchões espalhados pelo chão na hora de dormir e uma estrutura precária que colocava todos em risco. O sonho de ter um lar para acomodar a família nunca foi esquecido. “Eu achei que ia ganhar um banheiro e ganhei uma casa. Está sendo um trabalho bonito, bem feito. Nunca vou ter como agradecer o que fizeram por mim. Esse é o verdadeiro trabalho social, devia ter muitas pessoas como essas meninas”, se referindo às arquitetas responsáveis pelo projeto. A casa é pré-moldada foi concretizada a partir de doações da comunidade e ajuda de pedreiros e vizinhos voluntários. 

Frente da antiga casa da Dona Izolda. (Foto: Isabel Gewehr/ON)

Izolda nasceu em Tapejara e aos 10 anos se mudou para Passo Fundo. Hoje divide um terreno na ocupação com seu pai, que mora aos fundos. Ela reside com 7 dos 12 filhos, os outros moram com a avó e alguns já têm suas próprias moradias e famílias. Vive de reciclagem e faxinas que realiza para os vizinhos.

Segundo a arquiteta Marina Bernardes, a primeira visita ocorreu em junho do ano passado e em agosto de 2021 a campanha de arrecadação começou. “A intenção era construir um banheiro, que é o objetivo do projeto, mas depois que vimos a casa ficamos preocupados, pois ela estava caindo, não tinha fundação, nenhuma estrutura. Os vizinhos se propuseram a fazer o banheiro, então decidimos encarar o desafio de fazer a casa toda. Abrimos a vaquinha e recebemos doações de materiais e recursos financeiros e compramos uma casa pré-moldada de R$ 22 mil. A obra teve um custo total de cerca de R$ 27 mil, além do auxílio de pedreiros voluntários e doações de vidros e janelas”, conta. 

A ação foi possível graças ao empenho do grupo de dez arquitetas, 15 voluntários, pessoas da comunidade, vizinhos e mais de cem doações de recursos financeiros, além de empresas parceiras de materiais de construção e tintas. “Tudo foi feito a partir de muita parceria e pessoas com empatia”. 


Campanha de arrecadação segue 

A construção da casa foi o primeiro e principal passo do grupo, que segue buscando doações para preencher a moradia de dona Izolda. Ela precisa de beliches, mesa, cadeiras, geladeira, fogão e eletrodomésticos. “O que eu ganho consigo comprar a alimentação e tenho poucas coisas dentro de casa”. 

A comunidade pode continuar ajudando dona Izolda pois precisa de móveis como triliche, mesa de estudo para as crianças e eletrodomésticos. (Foto: Rosângela Borges/ON)


Arquitetura para quem + precisa

O projeto iniciou suas atividades em 2020 em Passo Fundo, busca reformar ou construir banheiros para, principalmente, moradores de ocupações, onde em geral concentram-se as moradias mais precárias e famílias de baixa renda. A iniciativa tem como objetivo minimizar os efeitos da desigualdade, a partir dos conhecimentos da arquitetura, uma ciência social aplicada. A escolha do perfil é predominante mulheres, mães solo, donas de casa (sem renda), moradoras de casas insalubres. 

A intenção para 2023 é transformar o Arquitetura para quem + precisa em uma Organização Não-governamental (ONG), o que deve potencializar as ações, aumentando a viabilidade de recursos financeiros. De acordo com a arquiteta, a melhor doação ainda é em dinheiro, pois permite que o grupo possa organizar compras conjuntas de materiais de construção que beneficiam mais de uma família na maioria das vezes. 

Para ajudar acesse https://campanhadobem.com.br/campanhas/arq-para-quem-mais-precisa


Voluntários trabalharam no feriado do dia 7 para pintar as paredes da casa. Ainda falta bastante! (Foto: Diogo Zanatta)


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