O início do ano letivo envolve um significativo momento de transição, onde a criança que até então convivia apenas no ambiente familiar, passa a ampliar seu horizonte, tendo uma vivência escolar com professores, monitores e colegas.
A jornalista Alessandra Pasinato, mãe da Anna Alice, conta com expectativa o ingresso da filha no maternal III do Colégio Notre Dame Menino Jesus. “A Anna Alice vai fazer 3 anos em março e ainda não teve nenhuma experiência com escola regular. Desde os 8 meses ela faz aula de musicalização, a partir de 1 ano aulas de estimulação precoce com atividades de ensino aprendizagem e aos 2 anos iniciou o ballet. Sempre ficou em casa comigo, me acompanhou nas viagens de trabalho na minha cidade natal e, com isso, aproveitou para ter vivências com os avós no sítio. Em casa sempre fizemos atividades práticas e ela desenvolveu muitas habilidades. Porém, já sentimos a necessidade de ampliar essas atividades e ter novas vivências, com isso, decidimos matricular na escola”, conta.
Sobre a expectativa para o ingresso da filha, Alessandra explica que está com “dois corações”. “O primeiro de mãe coruja que não quer desgrudar, já que desde o nascimento ela fica comigo. O segundo é a necessidade dela em viver essa nova experiência, fazer diferentes atividades e conviver com mais crianças. Ela está muito animada para o ingresso. No final do ano ela contava para toda a família que tinha uma novidade: ‘Ano que vem eu vou na escola’, ela dizia para todos com um sorriso no rosto. Quando fomos comprar o material escolar e ela amou, já perguntou quando vai começar a aula, está cheia de expectativas para a escola”, comenta.
A adaptação escolar é um período que merece maior atenção e dedicação, pois não somente a criança, mas a rotina de toda a família acaba se alterando. Sobre a adaptação escolar, a coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio IE, Caroline Hirt Corrêa, explica que a participação da família é muito importante para dar tranquilidade para a criança. “Ao contrário do que muitos pensam, a adaptação escolar inicia pelos adultos, os responsáveis pela criança. Por isso é muito importante que esses sintam-se confiantes e seguros com o espaço da escola e a proposta pedagógica. A segurança dos familiares reflete nos sentimentos que transmitirão, de forma indireta, para a criança”, explica.
Manejo do choro
Sobre a possibilidade de a criança chorar no momento da adaptação, Caroline explica que é a forma de se expressar da criança. “É importante se preparar para o manejo do choro, pois ele irá aparecer em um momento ou outro do processo de adaptação escolar. Afinal de contas, é uma linguagem da criança. A forma que ela tem para manifestar o que sente. Desta forma, é importante acolhê-lo sem excessos, e evitar palavras como “não precisa chorar”, ou melhor, substituir pelas frases que auxiliem a criança a compreender o movimento de adaptação: “vai ficar tudo bem”, “você vai fazer novos amigos”, “a professora é sua amiga e vai cuidar de você”, e reconhecer os seus sentimentos”, pontua.
Caroline destaca que se os pais contarem que já viveram essa experiência também é importante para a assimilação da criança. “Mostrar para a criança que você já viveu uma experiência parecida com a que ela está vivendo, que você também já foi para a escola, e relatar ações positivas desta experiência, encorajando-a a descobrir o novo. É importante que o adulto tenha paciência e possa conduzir a criança, lembrando que essa ação compõe a oportunidade de apresentar o mundo para a criança. Desta forma, não é adequado fazer combinados de trocas, ou que não possam ser cumpridos. As falas devem ser encorajadoras e verdadeiras, transmitindo tranquilidade e oportunizando que elos de segurança sejam estabelecidos”, disse.
Tempo de adaptação
Sobre o período de adaptação da criança à escola, a coordenadora pedagógica explica que é difícil prever um tempo específico, devido às singularidades de cada criança. “Algumas crianças se adaptam com mais facilidade e outras precisam de um tempo maior. Algumas crianças choram nos primeiros dias e outras iniciam o processo de adaptação sem chorar e somente mais tarde, quando a rotina vai se organizando é que o choro aparece”, disse.
Processo mais tranquilo
Para que o processo de adaptação seja mais tranquilo, a professora destaca que é temporário. “É um período exigente sim, tanto para os adultos como para as próprias crianças, mas é passageiro. Por isso é imprescindível um manejo adequado, pois esse movimento irá refletir nas ações futuras da criança em descobrir o mundo como um todo”, finalizou.

Confira mais algumas dicas sobre adaptação da coordenadora pedagógica Caroline Hirt Corrêa:
- Incentivar a criança a organizar os seus materiais, a mochila, inclusive o lanche;
- A criança ter a oportunidade de levar um objeto de afeto, que permite a extensão do lar na escola, por exemplo, a chupeta, um paninho e até mesmo 01 brinquedo;
- Escolher, junto da criança, uma foto da família e levá-la dentro da mochila para que quando a criança sinta saudade, possa olhar;
- Dialogar trazendo a previsibilidade de ida à escola, estando atento aos interesses da criança, e assim dialogar sem excessos;
- Na medida do possível, é importante que, o mesmo adulto possa acompanhar a criança na adaptação;
- Adequar o tempo de permanência com os comportamentos que a criança apresenta é bem importante. A criança está construindo a noção de tempo, por isso é importante que o tempo de permanência na escola possa ser ampliado de modo gradativo.
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