OPINIÃO

Natureza humama (2)

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AFIRMAÇÕES EQUIVOCADAS SOBRE A NATUREZA HUMANA

           A negação da natureza humana tem provocado uma desconexão entre a vida intelectual e o bom senso. A toda hora vemos “sumidades” e críticos sociais fazendo afirmações assombrosas e infundadas acerca da maleabilidade da mente humana, como a afirmação de que os meninos brigam e lutam porque são incentivados a isso; que as crianças gostam de doces porque os pais os usam como recompensa por comerem verduras; que as mulheres não nascem mulheres, tornam-se mulheres, como teria dito Simone de Beauvoir. Essas afirmações não podem coexistir com o apreço pela verdade e são responsáveis por lamentáveis tendências da vida intelectual recente, como o desprezo declarado de muitos estudiosos pelos conceitos de verdade, lógica e fato, e uma divisão hipócrita entre o que os intelectuais dizem em público e aquilo em que realmente acreditam.

 

PROJETOS DE ENGENHARIA SOCIAL TRÁGICOS

           A ideia romântica de que todo o mal é produto da sociedade, diz Pinker, justificou a libertação de perigosos psicopatas que, logo em seguida, assassinaram pessoas inocentes. E a convicção de que a humanidade poderia ser reestruturada por gigantescos projetos de engenharia social gerou algumas das maiores atrocidades da história, como as experiências comunistas de tipo soviético. Rousseau e Marx, por exemplo, achavam que as pessoas nascem boas e que são corrompidas pela sociedade. Thomas Hobbes estava certo; Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx, errados.

 

O MITO DO BOM SELVAGEM

           A doutrina do bom selvagem tem sido desmoralizada impiedosamente pelos avanços da ciência, especialmente pelo novo pensamento evolucionista. Conflitos de interesse são ubíquos entre os seres vivos, pois dois animais não podem comer o mesmo peixe ou monopolizar o mesmo parceiro sexual. Como disse William James (1842-1910), “nós, os representantes da linhagem dos bem-sucedidos responsáveis por uma centena de matança após outra, independentemente das virtudes mais pacíficas que também possamos ter, com toda a certeza ainda possuímos, prontos para a qualquer momento explodir em chamas, os latentes e sinistros traços de caráter por meio dos quais nossos ancestrais sobreviveram a tantos massacres, ferindo outros, mas saindo ilesos.”

 

O POVO UNIVERSAL

Antropólogos estudando registros etnográficos que alardeavam diferenças entre culturas descobriram um conjunto espantosamente detalhado de aptidões e gestos que todas as culturas têm em comum. Essa coincidência nos modos como pensamos, sentimos e vivemos nos faz parecer uma única tribo, razão pela qual o antropólogo Donald Brown cunhou a expressão “povo universal”.

 

UNIVERSAIS HUMANOS

A extraordinária riqueza e detalhamento na descrição do “povo universal” é um choque para qualquer intuição de que a mente é uma folha em branco (tábula rasa) ou de que as culturas podem variar sem limite. Alguns universais dentre centenas: medo de cobras, tabus alimentares, preocupações estéticas, adornos corporais, deuses, casamento, sexo privado, ciúme sexual, estupro, música, dança, nepotismo, rituais, mitos sobre a vida após a morte, fofoca, sentimentos morais etc. No livro “Tábula rasa” de Steven Pinker o leitor pode consultar uma lista de “universais humanos” feita por Donald Brown.

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