A família pode ser vista de um prisma simples, constituída por duas pessoas que se unem e geram filhos. Se optarmos por visualizarmos o ciclo de desenvolvimento familiar, temos dois indivíduos que se unem, os quais possuem suas respectivas famílias de origem, com uma estrutura e organização particular. Esse casal precisa fazer acertos, criam contratos invisíveis, para que assim formem o nós, que concentra porcentagens de cada um e, portanto, de suas histórias. Possuem conflitos, que podem superar ou acumular, desejos que realizaram ou não e expectativas que conseguem cumprir ou não. Mas, como a formação do nós, não exclui de forma alguma as porcentagens individuais que continuam a operar nesse nós, nem sempre os indivíduos conseguem cumprir enquanto casal o desejo e expectativas de cada um.
Falamos, então, do início da constituição de uma família, o casal. Cada um enfrenta seus problemas de acordo com a bagagem que possuem, carregando nela a história de suas famílias. A cada geração, as famílias acrescentam mais características, seja cristalizando-as ou as transformando. Sendo, então, essas características miscigenadas pelas novas experiências dos indivíduos que nascem numa família e pela entrada de novos membros através do casamento. Aqui, então, já se está falando de uma família, com a chegada dos filhos. Novas organizações são necessárias, pois os pais precisam verificar com quem a criança ficará nas horas que estão trabalhando, como farão se ela ficar doente e um deles precisar ficar em casa (quem ficará?), a educação da criança, lidar com a permeabilidade que darão aos palpites dos pais e sogros. Há formulação de um novo papel, a de pais e precisam equilibrar esse com o papel de casal, sem falar que mantém o de filhos de seus pais, de trabalhadores, dentre outros e, que, também exigem seu espaço.
Os filhos crescem, tornam-se adolescentes e passam a exigir que a família modifique-se para assumi-los como tal e não mais como criança. Os adolescentes buscam uma identidade, e atacam os pais para poder se diferenciar deles até que se sintam suficientemente seguros para se aproximar dos pais e não se confundir com eles. E em contrapartida, os pais estão envelhecendo e precisam também abandonar o lugar de pais que tinham quando o filho estava na infância. De heróis, passam a ser seres normais e passíveis de críticas. O namoro, esperado para esta fase avisa as tentativas de encontrar um parceiro para si e em geral, na vida adulta isso ocorre.
A vida aqui parece continuar o seu ciclo, os pais envelhecendo, um novo casal se formando, novos membros nascendo. Nessa trajetória muitos assuntos podem ser levantados, como a proximidade/distanciamento, fidelidade, direitos/deveres/limites, segurança, confiabilidade, estabilidade, comunicação, paixão, amor, sexo, cumplicidade. Portanto, nos vivemos querendo ou fugindo do (re)pensar as relações conjugais e familiares (ou seja, as relações interpessoais).
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Colaborou Tatiana Lima Both, Psicóloga e Professora da Escola de Psicologia da Faculdade Meridional (IMED)
O ciclo do desenvolvimento familiar
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