Numa época em que os prognósticos da meteorologia estão bem mais ágeis, as previsões ficam ainda mais próximas da realidade. Isso é evidenciado nas leituras de boletins meteorológicos, cartas sinóticas e imagens dos satélites. Com essas e outras ferramentas, a equipe do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo tem subsídios para informar como estará o tempo nos próximos dias. Depois de uma quinzena seca e fria, a chuva está chegando no final de semana e a temperatura deve diminuir. O analista Aldemir Pasinato, avaliou o quadro no final da tarde de quinta-feira, 13. “Uma frente fria vinda do Uruguai já está entrando pelo sul do estado, trazendo chuva gradativa para a Região Sul do RS. Se intensifica no final de semana, com maiores acumulados de chuva entre domingo e segunda-feira”. Além do guarda-chuva, a partir de domingo também vigora o recado das mães para os filhos levarem um agasalho.
Instabilidades
Em maio, a chuva foi trágica para os gaúchos provocando mortes e destruição, quando o acumulado ficou 157% acima da média. Após uma trégua, a chuva retorna, porém, mais comedida. A análise do quadro meteorológico aponta para um volume de chuvas acumuladas entre 70 e 100mm na Região Norte do Rio Grande do Sul. “Podem ocorrer temporais localizados”, alerta Pasinato. Os temporais, que podem acontecer em pequenas áreas, são consequências das condições propiciadas por enormes sistemas que se confrontam. “É o choque da frente fria mais o sistema de baixa pressão com a umidade vinda da Amazônia”, esclarece. Isso significa a mistura entre as condições atuais e o frio que bate para entrar, em forte indicativo de instabilidades. “Temos uma massa de ar quente e seco. É o veranico que está atuando na região. O encontro com a frente fria pode resultar na ocorrência de eventos adversos como ventos, temporais localizados e até granizo”.
Umidade e nebulosidade
A massa de ar quente que está por aqui fica bloqueada pelo já conhecido corredor de umidade vindo da Amazônia. “Estamos sem chuvas na região desde 30 de maio, isso indica que fecharemos 16 dias sem chover de acordo com a expectativa do retorno de chuvas no próximo sábado”. Com a chuva, a frente fria vai refrescar o ar. “Na sexta-feira, a temperatura estará entre 16 e 28ºC, sábado fica entre 18 e 25ºC e no domingo oscila de 16 a 20ºC. A queda de temperatura continua e acentua-se no outro final de semana (21 e 22/06)”, informou Pasinato com base nos prognósticos do INMET e do Laboratório da Embrapa. “O ar quente e seco permanece na região central do Brasil até o dia 20, fazendo esse bloqueio. Depois, aqui na região de Passo Fundo, teremos nebulosidade e umidade contrastando com a primeira quinzena de junho”.
Culturas de inverno
Como bem sabemos, as condições do tempo são fundamentais para os resultados obtidos pela agricultura. No Planalto Médio estamos no período de plantio dos cereais de inverno, etapa praticamente concluída pela maioria dos produtores. As culturas nessa fase são o trigo, cevada, aveia e canola, por exemplo. As chuvas que chegam no final de semana não devem prejudicar essas lavouras de inverno. Ao contrário, devem cumprir um papel importante nessa fase. “Se não houver um volume acumulado muito elevado nos próximos dias, será benéfica por trazer mais umidade nas lavouras”, disse Pasinato em tom de otimismo. A frente fria e a chuva que estão a caminho, praticamente, recolocam as condições do tempo às tradicionais características climáticas do outono. “A tendência é mais umidade e temperaturas mais amenas”, concluiu o analista da Embrapa.