OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Ainda na Idade Média, consternados com a desordem dos conflitos em curso, os grandes tratadistas católicos fundaram uma doutrina para organizar o caos. Era necessário criar um marco inicial, capaz de operar uma delimitação ética e normativa na condução das guerras. Coube a Santo Tomás de Aquino, em seu Tratado da Caridade, na sua magistral obra, a Suma Teológica, fornecer os conceitos fundantes das guerras justas, que deveriam obedecer a três fundamentos: 1) ter uma causa justa; 2) uma reta intenção; e 3) ser declarada por um soberano devidamente constituído. Daí, coube a tratadistas da envergadura de Francisco de Vitória e Francisco Suárez aprofundarem os conceitos tomistas, inaugurando as bases fundamentais do Direito das Gentes e, consequentemente, dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Público. Suárez inclusive, de forma precursora, instituiu o princípio da proporcionalidade na condução das guerras, o “debitus modus”. Mesmo que o conceito de Guerra Justa esteja em processo de revisão, é necessário observar que guerras atuais em curso confrontam essencialmente o debitus modus. De outra sorte, faz-se notar também que muitos atores se apropriaram indevidamente do conceito da doutrina social católica para justificar incursões que longe estão da proporcionalidade requerida no uso da força. O Pontífice ainda lembrou: “Vamos seguir a Cristo, que libertou os corações do ódio, e mostrar pelo nosso exemplo como nos libertar da mentalidade de divisão e vingança”.  

 

“Intensidade diabólica”  

Em recente e relevante ponderação do Vigário de Cristo, Papa Leão XIV, sobre a condição dos cristãos no Oriente, reiterou que parece haver uma: “intensidade diabólica anteriormente desconhecida”, referindo-se às guerras em curso onde cristãos são vítimas, prevalecendo muitas vezes [consideração nossa] um “silêncio ensurdecedor” da grande mídia. O Bispo de Roma lembrou do recente atentado suicida contra os cristãos em Damasco, na Síria, com mais de trinta mortos e diversos feridos. O ataque ocorreu na Igreja Mar Elias, orquestrado por terroristas islâmicos. 

 

Perseguição aos cristãos  

A perseguição aos cristãos é de larga escala. Outro recente ataque foi perpetrado na República Democrática do Congo, onde setenta foram assassinados por terroristas, entre eles mulheres e crianças. Só no ano passado, mais de 350 cristãos foram mortos pela sua fé (um verdadeiro massacre). Pode-se considerar que atualmente o Cristianismo é a religião mais perseguida, no mundo. 

 

Últimos meses do Papa Francisco  

Cabe ressaltar que além da perseguição aos cristãos, há aqueles também que se encontram inevitavelmente em meio a guerras travadas no Oriente Médio e sofrem de seus efeitos colaterais. Em seus últimos meses de vida, Papa Francisco ligou diariamente para uma paróquia católica em Gaza, podendo verificar a delicada situação em que se encontravam, fruto talvez da não observância do princípio essencial da proporcionalidade nas guerras, como instituto essencialmente católico. Bombardeios chegaram a destruir os arredores da paróquia, trazendo consternação aos cristãos. Para o Papa Leão XIV, “Somente através da cooperação e de uma visão global inspirada no bem comum, as nações podem seguir um caminho para a paz duradoura”.

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