Emater estima perdas nas lavouras da região plantadas tardiamente

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

As fortes chuvas que caíram no Rio Grande do Sul nas últimas semanas causam perdas incalculáveis até o momento. Em alguns setores da economia, os especialistas já começam a projetar prejuízos, como é o caso da produção de grãos. 

A previsão é de que praticamente todas as regiões do Estado registrem perdas na produção, algumas terão um impacto mais significativo, pois as plantas ainda estavam nas lavouras quando as fortes chuvas começaram. No caso de Passo Fundo, o prejuízo será a médio e longo prazo em razão do assoreamento do solo, levado para dentro dos rios. No município choveu, nos primeiros 13 dias de maio, o dobro da média histórica para os 31 dias do mês, e a expectativa é de que nas próximas semanas as chuvas continuem. 


Colheita encerrada 

Segundo o Supervisor Regional da Emater em Passo Fundo, e responsável pela área de culturas de verão, Oriberto Adami, em relação ao impacto na quantidade e qualidade dos grãos produzidos nesta região, as fortes chuvas das últimas semanas não terão prejuízos significativos. Isso porque, segundo ele, as duas principais culturas, que são o milho e a soja, já estavam praticamente 100% colhidos nos municípios que compõem a regional de Passo Fundo. 

Em relação ao milho, há algumas exceções, onde a colheita atrasou, mas não chega a 1% da área nesta região, que é estimada em 74 mil hectares cultivados. 

A soja segue o mesmo panorama na região de Passo Fundo, com um número superior a 95% da colheita concluída. No entanto, ainda ficaram algumas áreas plantadas mais tardiamente por questões de clima, como é o caso de cidades como Capão Bonito e Lagoa Vermelha. Essa área é de aproximadamente 5%, do total cultivado, que soma 630 mil hectares nos 42 municípios da região de Passo Fundo. O técnico considera a possibilidade de perdas nestes locais, uma vez que as lavouras estavam prontas para a colheita, e, com a chegada da chuva, os grãos começam a brotar. 

 “Ainda não dá para avaliar precisamente quanto de perda deve ocorrer. Um dado mais preciso vai depender ainda da abertura do tempo com o sol para entrar nas lavouras”, diz ele. Mesmo assim, são esperadas perdas na qualidade na quantidade de produção. 

Porém, a situação é completamente diferente na região central do Estado, onde a colheita acontece mais tarde, e as plantas ainda estavam nas lavouras, agora completamente alagadas, comprometendo a qualidade e quantidade das produções. 


Solo 

O Supervisor destaca que uma das principais preocupações na região de Passo Fundo, neste momento, está relacionado com a perda de solo. Segundo ele, muitos produtores realizaram a colheita dos grãos, e não implantaram uma cultura de cobertura para proteção. O excesso de chuva causou muita erosão, e isso traz prejuízos muito grandes. Entre os principais problemas apontados por Oriberto, está a redução da fertilidade do solo, pois a camada superficial, que é a mais fértil, é arrastada para o leito dos rios. “Os produtores vão ter que corrigir com calcário, ou com outros insumos para poder repor, e isso pode levar anos para recuperar”, explica ele. 

Oribeto informa que a Emater está realizando, com muita frequência, seminários, e os chamados “Dias de Campo”, onde é debatida a importância de manter o solo coberto nesse período de outono e inverno. Geralmente essa cobertura é feita com culturas como trigo, aveia, e também com outras espécies recuperadores de solo, como o nabo forrageiro. O técnico explica que uma das variedades mais sendo utilizadas atualmente é o trigo morisco. “Encerra a colheita e já planta, então fica coberto”, destaca. Além dos prejuízos diretos para o produtor, há uma série de consequências posteriores, como o assoriamento dos rios, o que reduz a profundidade, e mais facilmente acontece o enchimento. Essa é uma situação que pode ser visualizada pela imagens das inundações em outras regiões do Estado, onde toda a terra, árvores, e mesmo instalações das propriedades rurais, foram parar dentro do leito, e isso acaba reduzindo sua vazão, vindo a transbordar com mais facilidade em uma outra enxurrada. 

Gostou? Compartilhe