OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Neste mês de fevereiro completam-se quatro anos da suspensão do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado em 1987 pelos EUA e a União Soviética, em acordo que ficou para a história, no sentido da eliminação de armamento nuclear. Durante a Guerra Fria houve um acúmulo significativo desse tipo de armamento e tendo em vista a política da distensão, vislumbrava-se que as potências pudessem se desfazer do conteúdo nuclear. O acordo foi tão exitoso, que conseguiu eliminar cerca de 2,6 mil mísseis terra/ar, com alcance entre 500 e 5,5 mil km de distância. O tratado foi interrompido em 2019, após alegações americanas de descumprimento por parte da Rússia, isso antes do início da guerra contra a Ucrânia. Se ainda havia algum otimismo com o recrudescimento do armamento nuclear, as novas narrativas de Putin jogaram um verdadeiro balde de água fria. Soma-se a isso, o próprio descumprimento de um dos únicos tratados de controle de armas ainda existente entre Moscou e Washington, conhecido como START. Os americanos alegam que as autoridades russas suspenderam algumas inspeções em seus territórios, bem como pararam com alguns diálogos formais estabelecidos. O tratado foi assinado em 2011 e teria validade até 2026, sendo uma das únicas garantias por parte das duas potências no controle do armamento nuclear. O START trabalhava com alguns limites, tais como o de 700 mísseis balísticos intercontinentais, 1,5 mil ogivas nucleares estratégicas e 800 lançadores de mísseis intercontinentais. Assim, ficavam os limites estabelecidos para cada lado, propiciando-se as inspeções mútuas entre Washington e Moscou. O flagrante descumprimento russo do START é mais um capítulo dessa guerra, onde as narrativas nucleares têm tomado parte, em aceno irresponsável por parte de Putin. As aventuras de Moscou persistem, trazendo novas conjunturas à guerra.

 

Novos avanços, novas conjunturas 

Enquanto isso, novos avanços russos no tabuleiro da guerra são perceptíveis. O último deles engloba a região de Bakhmut, no que poderia ser a maior conquista no campo de batalha, desde o verão passado. Nos próximos dias, dois movimentos serão importantes. O primeiro deles é a anunciada cúpula de Kiev com a União Europeia. A Ucrânia está aderindo ao bloco e o evento seria um importante sinal para Moscou, que amplamente condena a adesão ucraniana. A cúpula ocorre no exato momento em que os europeus liberam os seus tanques para o campo de batalha. Sobre o encontro não foram dados muitos detalhes, mas, certamente, ela pode ser um ponto de tensionamento entre a Ucrânia e a Rússia, a depender de que tipo de resposta Moscou irá perseguir, ainda mais por ser uma cúpula presencial em um dos momentos mais tensos da guerra, com o envio dos tanques. Outro movimento importante serão as novas ajudas militares ocidentais, principalmente, no que toca à questão de mísseis de longo alcance, uma vez que são armas importantíssimas para atingir linhas de abastecimento russas e, também, os depósitos de munições. Tais armas são estratégicas para o campo de batalha e Moscou certamente reagirá de alguma forma com o envio delas pelas potências ocidentais. Nesse sentido, os EUA já preveem um pacote de quase 2 bilhões de dólares. Os próximos passos de Moscou são incertos. 

  

 

 

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