Olha o Carnaval aí, gente
O Carnaval é o equilíbrio na corda bamba entre os recessos e os excessos. Sequer é um feriado legítimo, mas, excessivamente contagiante, de fato vira um longo feriadão. No mínimo são quatro dias de alegria. É festa pagã que, pelo cristianismo ocidental, antecede a quaresma. E na prática as religiões afrobrasileiras tomam conta das avenidas, onde os Orixás são exaltados. Samba, carnaval e batuque dão uma conotação mística de macumba. Sem falar nos Exus que também vão para a folia.
A fantasia da alegria envolve até mesmo aqueles que dizem não gostar de carnaval. É contagiante e um convite aos exageros com um pé nos despudores. Entre tanta beleza, a marcação do surdo conduz nossos passos para a alegria. Aí começam os excessos, sempre amenizados pela justificativa de que é carnaval. Nos excedemos, é verdade, até porque ninguém é de ferro. Ou, ainda, porque na folia ninguém é de ninguém.
Assim, não faltam exageros nesses dias em que parecemos viver mascarados. Para tantos excessos são necessários os recessos. Então, para tudo ou quase tudo e podemos fantasiar ou apenas ver as fantasias pela televisão. O Sambódromo do Rio é o templo maior da grande festa, mas a alegria toma conta de todas as cidades. Em algumas, o reinado de Momo é bem mais forte. Em outras nem tanto. Nos clubes a festa já não é mais na intensidade de antigamente.
Mas o que eu mais sinto falta, de fato, é ver e sentir o nosso carnaval. Saudades da Visconde do Rio Branco, do samba bem puxado pela Diva e o Sabão. E, é claro, dos passos mágicos da nossa eterna rainha Magda Cavalheiro. Pena que nosso carnaval entrou em recesso. Faz muita falta à alma esse gostoso excesso.
Corsan I
Nos últimos dias, a Corsan está na boca do povo aqui por Passo Fundo. Inicialmente, a bronca foi por causa de abusivas cobranças que revoltaram os consumidores. Mea culpa da empresa, agora privatizada, que abriu postos para receber as reclamações. Ora, evidência de que muitas contas estavam com irregularidades. Em meio ao problema das contas de água e esgoto, ocorreu a falta de água que, em alguns pontos da cidade, chega a cinco dias. A terça-feira sem água deixou muita gente sem banho e prejudicou alguns estabelecimentos. O Restaurante Franz, por exemplo, sequer abriu em consequência da falta de água.
Corsan II
Houve, é claro, um acidente que foi o rompimento de uma adutora. Faltou água por uma fatalidade. Mas, em seguida, a empresa abriu dois poços artesianos superando marcas de agilidade. Então estamos diante de duas circunstâncias em que a solução ou paliativo chegaram depois que, literalmente, a água bateu nas nádegas. Se foram necessários abrir postos para receber a população, é porque, supostamente, o atendimento seria precário. Depois, se abriram poços artesianos rapidamente, é porque esses, preventivamente, já poderiam estar prontos para entrar em funcionamento.
As privatizadas
O caso da Corsan parece entrar no cano das estatais gaúchas que evaporaram. Refrescando a memória dos mais rodados e informando aos mais novos, lembro que os serviços públicos de telefonia e energia elétrica foram privatizados. Se o assunto fosse telefone móvel ou fixo, a gente entrava na CRT, falava pessoalmente com a Dagmar, o Juarez e Cia e logo resolvia algum problema. Mas, no governo Antônio Britto, a empresa foi privatizada. Hoje, já nem sei mais quem é e muito menos onde está localizada a empresa de telefonia. Atendimento apenas online, sem um rosto, sem um aperto de mão e, habitualmente, sem solução. Ora, isso é serviço público?
Incógnita
Sem plumas ou paetês, tive um sonho de pré-carnaval. Vi máquinas e mais máquinas rodoviárias. Enormes caçambas carregando asfalto e pavimentando uma estrada muito larga. Pelo que consigo lembrar, a obra seria lá pelas bandas de Colônia Miranda ou Ipiranga do Sul. Acordei um pouco tonto em consequência do barulho das máquinas. Acho que foi mais um pesadelo, daqueles que me acompanham há mais de 60 anos.
Pastelaria
Com ou sem chuva, prossegue o fedor da pastelaria aqui embaixo. E desta vez a culpa não é do fenômeno La Niña.
Centenário
Tá todo mundo na contagem regressiva! Agora faltam 113 dias para o Centenário de O Nacional.
Trilha sonora
Do filme Ainda Estou Aqui. Erasmo Carlos - É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo